A vida vem desbravando-se bem diante aos meus olhos. E neste percurso vou reverenciando o horizonte, digno de contemplação. Captando minudências para aprender a cada aurora ser melhor do que ontem.

Havia um tempo que tentei insistentemente fugir de mim mesma, mas foi uma tentativa vazia. Não havia mais como retornar. O futuro dependia do encontro com o meu espelho invertido. Muitas foram às desculpas para evitar o encontro, mas tudo foi em vão.

Há quem diga que sou frágil demais, quieta demais, miúda demais. Mas eu digo que a minha força mora no meu excesso de sensibilidade. Desfaço-me dos falsos versos que não me descrevem, cada vez que rasgo o verbo. Refaço-me inteira quando sou prosa sem rascunho e sem esboço. Sou sentimento sem razão nenhuma. Sou por dentro e por fora simultaneamente.

Há o dobro de alegrias minando as minhas tristezas. Há um infinito de plurais dentro do meu singular. Sou como um olhar de uma criança ao conhecer o mundo e suas formas; com a curiosidade que salta aos olhos e a destreza do agir. Sou tanta coisa que pode não significar nada de concreto. Sou a simplicidade que pode ser definida em uma única palavra. Sou certeza que se desarruma quando o amor me toca.

Porque quando o amor me toca, eu esqueço que sou gente – do tipo que se endurece quando se aborrece, se atrapalha quando falha, se confunde quando erra – e me transformo em flor, colorida e perfumada, chamada poesia. Amor é o meu conteúdo e o meu significado. E poesia, a minha lente de enxergar levezas, quando tudo em volta já não é tão bonito visto aos olhos.

Saio decidida a mudar, mesmo que o medo do autoconhecimento possa vir visitar-me de vez em quando. A verdade me revela e faz-me enxergar o caminho da libertação através do pensamento expresso em palavras escritas, nas linhas estreitas de minha emoção. Começo a traduzir a realidade com a sensibilidade que já não cabe mais em mim e transborda. Daí em diante, observo minha alma transitar pelos percursos sinuosos, conforme a vontade do meu coração – Livre, como deve ser o voo de um pássaro que vai para onde quer, quando quer, sem se preocupar com o tempo, somente apreciando meticulosamente a paisagem.

Universalize seu pensamento!

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